Há mais de anos o país tem enfrentado situações adversas em
relação ao clima. Temperaturas elevadas fora de época, tanto frias, quanto quentes,
chuvas excessivas, também fora da estação característica, mas parece que não
demos a devida importância aos ‘avisos’.
Hectares de plantações foram e estão sendo perdidas por causa
das mudanças climáticas, centenas de residências foram destruídas por
tempestades (chuva e vento) e centenas de vidas também se perderam pelos mesmos
motivos. Agora pergunto: O que mais precisa acontecer para nós, seres humanos,
enxergarmos os efeitos de nossas ações? Quando digo ‘nós’, me incluo, incluo
você, políticos, madeireiros e qualquer outra pessoa que contribui com a
destruição do meio ambiente. Seja derrubando uma árvore, jogando lixo no chão
ou mesmo não fazendo nada.
Um exemplo que se tornou comum para os paulistas é o
racionamento. Desde o início do ano o problema tem se alastrado, aquelas
cidades, que antes enfrentavam o racionamento, agora estão, literalmente, com
falta de água. Em Itu, conhecida como cidade dos exageros, alguns bairros estão
há 45 dias sem receber uma gota de água. As razões são várias, mas a principal
é o longo período de estiagem, que se explica pelo desmatamento da Amazônia.
Sim. A derrubada de árvores no norte, nordeste e centro-oeste do país afeta a
freqüência de chuvas no sudeste.
Como acontece?
As árvores da Amazônia transpiram e liberam vapor de água,
formando nuvens. Essas nuvens são exportadas para o resto da América do Sul.
Elas viajam pelo ar, ladeando a cordilheira dos Andes, até chegar ao sul e sudeste
do Brasil e países como a Argentina, gerando as chuvas. São os chamados ‘rios
voadores’. Os modelos climáticos mostram que, se a destruição da Amazônia
continuar, ela pode chegar a um ponto em que sua capacidade de exportar essas
nuvens seja comprometida, afetando drasticamente a precipitação. A situação se repete
com o desmate da Mata Atlântica. Todas suas nascentes secaram nas áreas
desmatadas. Outro dado triste. Por ano, 26.000 km da Floresta
Amazônica são desmatados e restam apenas 22% do total da Mata Atlântica. Há
alguns anos era possível perceber cada estação de acordo com suas
peculiaridades. Hoje não conseguimos definir.
Voltando a São Paulo
Desde o início da estiagem o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, vem dizendo que está tudo sob controle, que nunca houve
racionamento e que a cidade tem um “sistema forte, garantindo água até 2015,
sem racionamento”.
“Não há necessidade, nem é tecnicamente adequado fazer,
porque poderíamos perder mais água e, com o risco do racionamento, as pessoas
poderiam guardar mais água e perder toda a cultura de evitar desperdício”, palavras
do governador antes das eleições, quando alguns bairros da cidade já sentiam a
falta de água. Hoje, ele continua dizendo que não é necessário e não está
havendo cortes, mas moradores sabem e vivem a realidade.
Em conversa com a presidente reeleita Dilma Roussef, na
tarde de ontem no Palácio do Planalto, Alckmin pediu nada mais que R$ 3,5 bilhões
de ajuda para financiar oito obras contra a crise hídrica. Não faz tanto
sentido pedir ajuda se suas afirmações são sempre as de que tudo está sob
controle e que a Sabesp está preparada para manter o abastecimento. Só para não
esquecer as palavras do governador: *“São
Paulo enfrenta esta que é a pior seca dos últimos 84 anos com planejamento, com
obra e com uso racional da água. Não há esse risco (de desaparecimento). Temos
um sistema extremamente forte. As obras para amanhã já estão sendo feitas”.
*Trecho do jornal O Globo
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