Processos de coleta e análise
Desde meados de 2014 a falta de água tem preocupado cidadãos e
governantes por todo o País. Não é de agora, mas o problema se intensificou, e
muito, do ano passado para cá. As perspectivas para 2015 não são as melhores
apesar das chuvas entre o final de janeiro e fevereiro, afinal o período de
chuvas se encerrou em março.
A cidade de Itu, no interior de São Paulo, se tornou o
centro das atenções devido a seca extrema e consequente falta de água nas
torneiras residenciais. Mídias nacionais e até internacionais usaram Itu como
‘modelo’ da crise da água e também devido aos protestos que tomaram as ruas da
cidade por semanas. As razões eram diversas, além das torneiras secas, os
moradores reclamavam da qualidade desse líquido, que, quando chegava, era ruim,
segundo alguns ituanos. Ouvia-se de tudo sobre a falta de pureza e desconfiaram
até da forma e técnica de análise da água realizada pela concessionária da
cidade, Águas de Itu.
Por muito tempo a população questionou a concessionária
sobre como eram feitas essas análises, tanto que a Vigilância Sanitária Municipal,
a Agência Reguladora, e, até, a Vigilância Sanitária Estadual intensificaram,
ainda mais, a verificação da qualidade da água. Após um rígido processo, todos
os órgãos não contestaram os meios ou técnicas utilizadas, confirmando a pureza
da água.
Este blog quis tirar a prova e acompanhou todos os processos
de análise, tanto externamente, quanto internamente. São diversas e rígidas
etapas, sempre acompanhadas por mais de um técnico para nenhum detalhe ficar de
fora. O objetivo é mostrar a população como funcionam os procedimentos para os
mesmos entenderem e cobrar a concessionária por esse ou aquele problema.
Cronologia dos Procedimentos
Processo Externo
Tudo se inicia na coleta de amostras de água nos chamados
Pontos de Controle de Qualidade, os PCQs, que se dividem em caixas da
concessionária e cavaletes dos hidrômetros das residências. Os primeiros são
lacrados com cadeados para somente coleta de amostras, realizadas pelos
funcionários da concessionária. A Águas de Itu monitora a qualidade da água
fornecida até a entrada das residências, estabelecimentos comerciais ou
públicos – entende-se ‘entrada’ como hidrômetros. Em Itu existem 250 PCQs
distribuídos por todas as regiões de acordo com o Plano de Amostragem definidos
pela
Portaria
2914, calculados com base na população residente em cada região.
Mensalmente é feita a rota de todos os 250 PCQs.
No momento da coleta é realizada a determinação de cloro
residual livre, quando são anotados os primeiros dados da água que está
chegando ao consumidor. Este processo é realizado por técnicos treinados e
usando equipamentos adequados, como luvas e recipientes esterilizados. Após a
leitura residual de cloro existente na amostra e a temperatura da água, as
amostras são acondicionadas em uma caixa térmica sob refrigeração para que suas
características sejam preservadas até a entrada no laboratório.
|
PCQ 08 |
|
Material utilizado na coleta |
Processo Interno
Neste segundo momento, as amostras são analisadas em dois
laboratórios diferentes: Físico-Químico e Bacteriológico.
No primeiro, as análises seguem procedimentos operacionais
registrados pelo sistema de Gestão da Qualidade da Concessionária Águas de Itu.
Os equipamentos utilizados são específicos, com calibração monitorada
internamente e externamente com certificados
RBC (Rede Brasileira de
Calibração). Os parâmetros analisados são: Cor, Turbidez, pH e Flúor, que devem
estar dentro dos valores máximos permitidos pela Portaria 2914. Vale lembrar
que os resultados preliminares ficam prontos na mesma data da coleta.
|
Materiais utilizados para análise |
No laboratório Bacteriológico são realizadas análises
microbiológicas da amostra coletada no PCQ. Neste momento/ambiente também
existem procedimentos regulados no sistema de Gestão da Qualidade da
Concessionária Águas de Itu. As apreciações monitoram os coliformes totais e
termotolerantes na água. Os testes levam 24 horas para apresentar resultados,
afinal a amostra passa por diferentes técnicas como presença e ausência, em
seguida a mesma é incubada. Após as vinte e quatro horas, os resultados
preliminares aparecem.
Em caso de alteração
Com os resultados em mãos, os mesmos são anotados em
planilhas específicas onde constam as referências estabelecidas pelo Ministério
da Saúde. Caso haja alguma alteração, ações corretivas são adotadas e novas
amostras são coletadas em dias, imediatamente, sucessivos até resultados
satisfatórios aparecerem.
Os novos exemplares incluem uma recoleta no ponto onde houve
alteração e, mais dois extras, um à jusante (do ponto mais alto para o mais
baixo) e outro à montante (do mais baixo para o mais alto) do local da coleta.
Durante esse processo, o laboratório emite uma Ordem de
Serviço para o Centro de Controle Operacional da concessionária, este, por sua
vez, adota as providências necessárias para a solução do problema. Ao fim do
trabalho uma nova amostragem é feita para verificar se o problema foi resolvido
e, por conseqüência, a qualidade da água garantida.
O monitoramento de controle e seus resultados são
entregues mensalmente para a Vigilância Sanitária e Agência Reguladora de
Serviços Delegados do Município de Itu.