segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Editorial

Corrupção nos presídios


Não é de agora que vemos inúmeros casos de negociações entre facções criminosas dentro e fora dos presídios no país. Líderes de grupos montam ações, ataques e invasões mesmo estando em penitenciárias de segurança máxima, discutem com outros presos os detalhes e entram em contato com ‘gerentes’ que estão nas ruas.

Os esquemas parecem crescer cada vez mais e a complexibilidade dos mesmos seguem o mesmo ritmo. Daí vem a pergunta: Como conseguem tamanha liberdade de planejar tais ações, conversar com outros presos e criminosos que estão nas ruas sem serem incomodados? Respostas: Ahh, eles fazem parte de grandes facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e outros de igual proporção ou menores, eles têm recursos ou acham brechas para se comunicarem.

Primeiro. Se estão dentro de um presídio de segurança máxima, não deveriam ter nenhum acesso a qualquer tipo de comunicação (celular, rádio, transmissores, TVs, nem mesmo mensagens escritas). Em relação a conversas com outros presos sobre ataques em geral, a tecnologia de um prédio desse deve ter câmeras com alta capacidade de gravação, tanto vídeo, quanto áudio ou só microfones.  

Segundo. A corrupção de policiais civis e militares, agentes penitenciários, administradores, entre outros, dificulta muito esse controle, sim. Mas então, o que fazer? Uma limpeza geral dentro e fora dos presídios, investigar e punir, severamente, todos envolvidos. Em seguida melhorar, e muito, o preparo de cada um, através de cursos, treinamentos e acompanhamento psicológico constantes, além de dar incentivo financeiro maior – melhores salários. Nada disso é fácil, nem rápido, muito menos barato, mas é preciso ser feito com urgência.

Em nosso País, a morosidade do Congresso, do Senado, da Câmara, das leis em si, da fiscalização – poderia enumerar dezenas de outros exemplos – dificultam, quase tornam impossíveis essas e centenas de outras mudanças. Mas, mais uma vez, algo precisa ser feito com urgência.

A mais recente prova de que facções criminosas ‘mandam’ dentro das penitenciárias do Brasil foi divulgado pelo jornal Folha de São Paulo de hoje. Há mais de um ano alertas têm sido feitos ao Ministério Público (MP) sobre articulações em presídios federais, nos quais estão boa parte da nata criminosa. O MP ou não tem dado a devida relevância ou foi contagiado pela morosidade da maioria de nossos órgãos. Desde setembro a situação tem se agravado de acordo com agentes penitenciários, citando a destruição de uma ala inteira do presídio federal de Porto Velho (RO). Além do mais, os presos têm desafiado os agentes com maior freqüência em situações diversas.

É inaceitável que criminosos que roubaram, sequestraram e mataram continuem comandando, mesmo estando atrás das grades, trazendo insegurança, medo e prejuízo à população e ao país como um todo. Você que lê este artigo, talvez se pergunte: Como posso ajudar a mudar? Comece a entender seus direitos e deveres como cidadão lendo nossa Constituição. Você verá que tem um poder muito grande, ainda mais quando unido a centenas, milhares ou milhões. Será uma ajuda ímpar.

Não se subestime, não se julgue inferior ou inapto diante ao que vê, ao que acontece no País e ao que te fere!

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