quinta-feira, 17 de julho de 2014

O placar da Copa

A Copa do mundo acabou e aquela sensação de que o Brasil não iria dar conta do recado foi suprimida pelos elogios de milhares de turistas de 203 países.

Nós brasileiros estávamos apreensivos devido aos atrasos das obras nos estádios, aeroportos e melhorias na mobilidade urbana, afinal os prazos eram curtos, pois houve demora no inícios dos trabalhos, e por conhecermos a morosidade de alguns, senão todos, os setores do país.
É sabido de todos o quão lento as ampliações e construções andaram, mesmo sob o olhar contínuo da Fifa e de seu gestor, Joseph Sepp Blatter. A preocupação, pressão e cobrança era tamanha que Joseph ameaçou, por diversas vezes, mudar a sede da Copa presumindo a não entrega dos estádios. Na época eu concordei com ele. As ameaças trouxeram resultado. É válido lembrar que 23 obras ainda não foram entregues. Entre elas estão áreas de mobilidade, portos e aeroportos. 
Apesar dos atrasos, das preocupações e das dúvidas se conseguiríamos ou não sediar uma Copa do Mundo, como deve ser feito, os resultados surpreenderam a todos. Prova disso é a pesquisa realizada pelo DataFolha na qual foram entrevistados 2209 turistas estrangeiros, de mais de 60 países, entre os dias 1º e 11 de julho, nos aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, nas FanFests e locais de grande concentração nos estados de Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, além dos já citados.
O levantamento revela que 83% dos estrangeiros que vieram ao Brasil avaliaram como ótima ou boa a organização do Mundial de seleções. Para 12%, a organização foi regular, para 3% foi ruim ou péssima e 1% não soube responder. A organização e a segurança superaram as expectativas dos estrangeiros. Já as opiniões sobre a mobilidade urbana e o sistema de comunicação ficaram divididas: para a maioria, 60%, a segurança foi melhor do que o esperado, para 34% ficou dentro da expectativa, para 4% foi pior e 2% não souberam responder.

Conforto e segurança foram os itens pesquisados para aqueles que assistiram ao menos um jogo nos estádios e a análise foi positiva: 92% avaliaram com ótimo e bom os quesitos. Para minha surpresa e, provavelmente, de muitos, a qualidade dos transportes até o estádio também foi bem avaliada com 76% de aprovação. Para 14% foi regular, já 6% consideraram ruim ou péssima, os outros 5% não souberam responder.

Outro ponto analisado e de grande relevância foi a hospitalidade dos brasileiros. Nove em cada dez entrevistados têm a opinião de que o brasileiro é simpático e receptivo. Para comparar esses dados, o Datafolha elaborou um índice de avaliação de nove itens, cujo objetivo foi medir o sentimento dos visitantes com relação aos brasileiros e com os serviços do país. Destes nove itens analisados, seis deles os estrangeiros ficaram satisfeitos, com destaque para a hospitalidade, o melhor avaliado. Os três restantes e reprovados estão relacionados ao custo de serviços.

Se fizermos um balanço geral do que funcionou bem ou não na Copa, os pontos positivos se destacam. É o que as pesquisas estão mostrando. Houve problemas, mas qual país que sediou uma Copa ou eventos de grande proporção não teve? O Brasil cumpriu bem seu papel e está sendo parabenizado neste e em outros continentes.

Foram gastos bilhões de reais que, de repente, poderiam ser investidos em saúde, edução e demais setores deficientes, mas agora o país foi e está sendo visto de uma maneira diferente por todo o mundo. Temos que ser inteligentes e fazer bom proveito deste momento.

A pesquisa abordou outros dados que estão detalhados no portal Uol.
   

quarta-feira, 16 de julho de 2014

No Brasil, o futebol não anda bem, mas pior anda a liberdade de imprensa

Por ocasião do Mundial de futebol, Repórteres sem Fronteiras lança uma campanha de sensibilização para denunciar os ataques à liberdade de informação e os atos de violência cometidos diariamente contra os jornalistas no Brasil.

Perante as ameaças, agressões e assassinatos de jornalistas no país do futebol, Repórteres sem Fronteiras dá o apito inicial de uma campanha que procura alertar contra a vaga de violência que se estende sobre o conjunto da profissão. Realizada pela agência BETC, essa campanha está disponível em francês, inglês e português. É composta por um visual com as cores do Brasil acompanhado pelo slogan “No Brasil, o futebol não anda bem. Mas pior anda a liberdade de imprensa”, seguido da bandeira do Brasil com o Cristo-Rei do Rio dentro da esfera azul e levando as mãos à cabeça.

Desde 2004, foram assassinados 21 jornalistas, dos quais 12 no decorrer dos últimos três anos. Executados na via pública, suas vozes foram sacrificadas em nome da corrupção, do narcotráfico e dos conflitos de interesse. “A derrota da Seleção na Copa do Mundo pode ter sido traumática, mas não deve fazer esquecer outras derrotas bem mais graves para o país, em termos de liberdade de informação e em especial de segurança dos jornalistas no Brasil”, sublinha Christophe Deloire, secretário-geral de Repórteres sem Fronteiras.

Desde o início do ano, Repórteres sem Fronteiras já contabilizou pelo menos 54 agressões a jornalistas. No passado mês de fevereiro, pela primeira vez desde o começo das revoltas populares contra a Copa do Mundo, um jornalista – de seu nome Santiago Ilídio Andrade – sucumbiu à violência dos confrontos entre manifestantes e forças da ordem, enquanto cobria uma ação de protesto no Rio para a TV Bandeirantes. No mesmo mês, mais dois jornalistas Pedro Palma e José Lacerda da Silva – foram brutalmente abatidos. O Brasil tem de dar resposta a uma emergência: proteger seus jornalistas.

No passado dia 10 de julho, o secretário-geral de Repórteres sem Fronteiras, Christophe Deloire, se encontrou com o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann, no palácio presidencial do Planalto, em Brasília, e com responsáveis do Ministério das Relações Exteriores. O secretário-geral insistiu na gravidade dos recentes ataques cometidos contra os jornalistas e evocou os perigos para a liberdade de informação e as recomendações apresentados no relatório “O país dos trinta Berlusconis”, publicado em janeiro de 2013 por Repórteres sem Fronteiras.

O Brasil se encontra na 111ª posição entre 180 países na Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa.