terça-feira, 11 de novembro de 2014

Racionamento pra quê?

Há mais de anos o país tem enfrentado situações adversas em relação ao clima. Temperaturas elevadas fora de época, tanto frias, quanto quentes, chuvas excessivas, também fora da estação característica, mas parece que não demos a devida importância aos ‘avisos’.

Hectares de plantações foram e estão sendo perdidas por causa das mudanças climáticas, centenas de residências foram destruídas por tempestades (chuva e vento) e centenas de vidas também se perderam pelos mesmos motivos. Agora pergunto: O que mais precisa acontecer para nós, seres humanos, enxergarmos os efeitos de nossas ações? Quando digo ‘nós’, me incluo, incluo você, políticos, madeireiros e qualquer outra pessoa que contribui com a destruição do meio ambiente. Seja derrubando uma árvore, jogando lixo no chão ou mesmo não fazendo nada.

Um exemplo que se tornou comum para os paulistas é o racionamento. Desde o início do ano o problema tem se alastrado, aquelas cidades, que antes enfrentavam o racionamento, agora estão, literalmente, com falta de água. Em Itu, conhecida como cidade dos exageros, alguns bairros estão há 45 dias sem receber uma gota de água. As razões são várias, mas a principal é o longo período de estiagem, que se explica pelo desmatamento da Amazônia. Sim. A derrubada de árvores no norte, nordeste e centro-oeste do país afeta a freqüência de chuvas no sudeste.

Como acontece?

As árvores da Amazônia transpiram e liberam vapor de água, formando nuvens. Essas nuvens são exportadas para o resto da América do Sul. Elas viajam pelo ar, ladeando a cordilheira dos Andes, até chegar ao sul e sudeste do Brasil e países como a Argentina, gerando as chuvas. São os chamados ‘rios voadores’. Os modelos climáticos mostram que, se a destruição da Amazônia continuar, ela pode chegar a um ponto em que sua capacidade de exportar essas nuvens seja comprometida, afetando drasticamente a precipitação. A situação se repete com o desmate da Mata Atlântica. Todas suas nascentes secaram nas áreas desmatadas. Outro dado triste. Por ano, 26.000 km da Floresta Amazônica são desmatados e restam apenas 22% do total da Mata Atlântica. Há alguns anos era possível perceber cada estação de acordo com suas peculiaridades. Hoje não conseguimos definir.

Voltando a São Paulo

Desde o início da estiagem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vem dizendo que está tudo sob controle, que nunca houve racionamento e que a cidade tem um “sistema forte, garantindo água até 2015, sem racionamento”.

“Não há necessidade, nem é tecnicamente adequado fazer, porque poderíamos perder mais água e, com o risco do racionamento, as pessoas poderiam guardar mais água e perder toda a cultura de evitar desperdício”, palavras do governador antes das eleições, quando alguns bairros da cidade já sentiam a falta de água. Hoje, ele continua dizendo que não é necessário e não está havendo cortes, mas moradores sabem e vivem a realidade.

Em conversa com a presidente reeleita Dilma Roussef, na tarde de ontem no Palácio do Planalto, Alckmin pediu nada mais que R$ 3,5 bilhões de ajuda para financiar oito obras contra a crise hídrica. Não faz tanto sentido pedir ajuda se suas afirmações são sempre as de que tudo está sob controle e que a Sabesp está preparada para manter o abastecimento. Só para não esquecer as palavras do governador: *“São Paulo enfrenta esta que é a pior seca dos últimos 84 anos com planejamento, com obra e com uso racional da água. Não há esse risco (de desaparecimento). Temos um sistema extremamente forte. As obras para amanhã já estão sendo feitas”.

Vamos ver até quando a administração do estado irá manter essa rigidez em suas palavras.

                                                                                      *
Trecho do jornal O Globo

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Editorial

A palavra é incerteza


Não é novidade que o país passa por dificuldades na economia, afinal a inflação já ultrapassou o teto da meta, não há crescimento industrial relevante, cito a produção automotiva que caiu 16% de janeiro a outubro, além do possível racionamento de energia e da incerteza política. Fatos que deixam empresários intranquilos e o dólar instável.

O governo atual precisa passar segurança, não só para os investidores, mas também para indústrias e, claro, à população. Dessa forma vai estimular o crescimento interno, controlando a inflação. Obviamente que isso não acontecerá num passe de mágica. Tem de ser muito bem analisado através de uma equipe governamental rígida, unida, num mesmo foco. Cada integrante tem de passar confiança interna e externa, criando-se
assim, a sinergia adequada.

A escolha do próximo Ministro da Fazenda, por exemplo, terá importância ímpar. Três nomes são cotados: Henrique Meirelles (favorito), ex-presidente do Banco Central, Nelson Barbosa, ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, visto como pró-mercado e Luiz Trabuco, presidente do Bradesco, visto com bons olhos por Dilma. Destes, confesso não saber qual é o melhor nome. Cada um afeta positivamente, à sua medida, a política econômica do país. A escolha vai definir o tom do "novo governo" de Dilma.

Outro ponto que traz preocupações é o da energia. Devido a estiagem deste ano as usinas térmicas foram utilizadas acima da média, custo que recairá sobre a conta de luz em 2015. Somado a isso está a possibilidade de racionamento elétrico caso o nível das hidrelétricas continue caindo. Uma das ações propostas por especialistas é a criação de um programa de consumo consciente da energia com direito a bônus, aos moldes do sistema utilizado pela Sabesp em relação a água.

São medidas que visam trazer um pouco de estabilidade ao país. Vamos torcer para que funcione.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Perfil Semanal - Vereadores de Itu

Nascido à rua Santa Rita, em 1944, Olavo Volpato é mais um ituano que tem seu espaço reservado dentro da Câmara Municipal. Hoje, aos 70 anos, Olavo tem uma história rica na cidade.    

Sua infância e adolescência estão ‘registradas’ na Vila Cleto, fundada pelo seu avô, onde viveu até se casar. Seus estudos começaram no Colégio do Patrocínio, mas pararam no 2º ano, afinal o colégio era para mulheres e os homens podiam ficar somente até o segundo ano. De lá, foi para o Cesário Mota, onde concluiu o primeiro grau, mas antes reprovou a 4ª série. O segundo grau se deu no Instituto de Educação Regente Feijó aos 18 anos, pois Olavo precisava trabalhar. Ele é graduado em Ciências Contábeis e Administração de Empresas, voltado para Recursos Humanos (segmento no qual é pós-graduado). Pela Faculdade de Direito de Itu (FADITU) se tornou bacharel em direito, mas não exerce por conveniência.

Volpato foi um líder estudantil, que se comprovou na formatura de 4ª série, cujo nome da turma levou seu nome, devido a organização realizada. “Fui um líder mais pela minha idade do que por outros motivos”, diz humildemente. À época, ele tinha dezoito anos, enquanto seus colegas tinham quatorze. Por causa dessa liderança, o jovem despertou o interesse do candidato a prefeito, Galileu Bicudo, que o convidou para ser vereador. Ferdinando de Marco, presidente do Clube dos Comerciários, deu um empurrãzinho dizendo que Olavo era um jovem promissor. Naquele tempo era difícil conseguir vaga para vereador, pois era o dobro do número de cadeiras que cada legenda tinha, havia três, segundo Volpato. Galileu só podia indicar dez vereadores e sete já ocupavam as cadeiras. “Ele escolheu a mim e mais um, Lázaro Piunti. Nós começamos juntos na política. Isso em 1969”.

Ao ser questionado sobre qual foi a sensação de ser convidado, diretamente, pelo candidato, a fazer parte de sua equipe, nosso entrevistado chega a se emocionar: “Eu gostei, pois ele (Galileu) era um líder popular e eu um garoto pobre, que não tinha recurso nenhum, porém me destacava”, lembra.

POLÍTICA

Antes

A política na década de 60 era bem diferente da atual. Obviamente não havia tamanha tecnologia, os votos eram conquistados de porta em porta. Foi assim que Olavo foi eleito vereador, se apresentando às pessoas, expondo suas ideias e propostas.

Em 1969, por infortúnios políticos, Olavo Volpato se tornou prefeito por dois anos. Os motivos se misturam entre cassação, intervenção e, infelizmente, morte. No período em que estava prefeito, ele diz ter recebido bastante apoio da população. “Fiz uma administração séria, voltada para a educação e adquiri a confiança do povo”, afirma. Ao fim do mandato, quem assumiu foi seu colega Piunti. Porém, quatro anos depois, o jovem que havia coordenado a cidade aos 26 anos, voltou. E o fez com o dobro de votos de seu antecessor.

Agora

Em relação à mudança de horário das sessões, o vereador é contrário. Ele afirma que o importante é estimular a população a ir à Câmara. “Um horário pode ser bom para este e ruim para aquele, cada um vai defender seu interesse”.

Em relação sobre o que mudaria na Câmara, Olavo pontua: “A casa precisa ser modernizada, entrar na era da informática para disponibilizar a população tudo o que se passa. Os vereadores têm que pesquisar mais os assuntos da cidade e acompanhar as legislações.

Logo acima, o vereador disse que é preciso atrair a população às sessões. Perguntei como isso seria feito: “É difícil dizer, pois as pessoas vêm quando tem um tema de seu interesse e não é um bolo, uma barraquinha ou uma cerveja que vai atrair. Acho que estamos precisando descobrir o que o povo quer. Mas acho que hoje, com a informática, as pessoas vão ficar em casa. Elas nem estão indo trabalhar mais, fazem o serviço a partir de suas casas”.


Olavo Volpato, além de vereador, é gerente administrativo da Porcher do Brasil, localizada à Avenida Caetano Ruggieri, 4153. Caso o leitor(a) queira falar com o Olavo (vereador) ou Olavo (da Porcher), pode utilizar esses meios: vereadorolavovolpato@camaraitu.sp.gov.br ou adm@porcher.com.br


domingo, 2 de novembro de 2014

'Sem Água Sem Conta'

Neste último sábado, dia 1, um pequeno grupo de manifestantes se reuniu em frente à Concessionária Águas de Itu e queimaram suas contas de água em forma de protesto.

Moradores de toda cidade têm recebido cobranças, mesmo sem chegar uma gota de água em suas torneiras. Em alguns casos o valor tem sido superior se comparado com as anteriores (antes da crise hídrica). Apesar da prefeitura e da concessionária terem instalado caixas de água em determinados pontos da cidade, diversos bairros ainda sofrem por não ter nada em suas torneiras, a não ser ar.

Um dos motivos do aumento das contas é a pressão do ar no encanamento, fazendo o relógio-medidor girar com maior frequência.

Vejam algumas cenas do protesto:

'Sem Água Sem Conta'

sábado, 1 de novembro de 2014

A realidade ituana pelas lentes da câmera



Itu se tornou um ícone dentro e fora do país por causa da crise de água. Não é novidade para ninguém o que o sudeste brasileiro tem passado nos últimos meses. Mais uma vez o destaque recai sobre Itu, que há um ano tem como companhia o racionamento e a falta de um bem essencial para vida de qualquer ser vivo.

Sinta a realidade através dos links:








As fotos são de Nacho Doce, correspondente da Reuters, que registrou e sentiu as dificuldades da população.

Vejam também a emissora Al Jazeera 'dando voz' ao povo de Itu.

domingo, 26 de outubro de 2014

Água em Itu: Artigo de luxo

A população ituana continua sofrendo com a falta de água que assola a cidade há mais de seis meses. O racionamento já perdura há mais de nove.

Toda a cidade já sentiu o gostinho de ficar sem uma gota d'água nas torneiras. Alguns bairros estão com esse 'sabor' amargo há cerca de 45 dias. Fica até difícil de imaginar como é não poder sanar suas necessidades básicas (escovar os dentes, lavar o rosto pela manhã, tomar banho, lavar roupa, cozinhar, limpar a casa, etc) por mais de um mês. O exemplo a seguir resume, drasticamente, o que as pessoas tem tido de fazer, devido a má administração do governo municipal: moradores têm evacuado em sacos plásticos e jogado em containers. Sim, é isso mesmo! Exemplos como esse têm se repetido com uma frequência entristecedora.

CAMINHÕES PIPA

Desde que a crise hídrica aumentou exponencialmente, a prefeitura colocou nas ruas caminhões pipa para abastecer os bairros mais afetados - é o mínimo. Porém, moradores das regiões listadas para recebê-los dizem que não estão e reforçam que, quando passam pelas ruas, cobram uma taxa de entrega.

A reportagem deste blog está colhendo dados para fazer um balanço de quantos caminhões foram disponibilizados para abastecer a população, saber se os mesmos foram nos bairros anunciados e confirmar se estão cobrando pela entrega da água. Também está na pesquisa quantos litros/dia a Brasil Kirin está cedendo para a prefeitura, para quais regiões e, mais uma vez, se está sendo cobrado.

Para atingir essa meta, peço ajuda dos leitores, dos moradores e de qualquer cidadão interessado em ajudar Itu nesta fase difícil!

Assista aqui dois vídeos da realidade ituana.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Perfil Semanal - Vereadores de Itu

O perfil desta semana é com o vereador Paulo Eduardo Andrade Ortiz, mais conhecido como ‘Eduardo Ortiz’. Um político novo, tanto na idade, quanto em experiência política, porém, se destaca entre tantos outros.

Ituano de 5 de novembro de 1981, irmão de Joana e Rogério (gêmeo), todos filhos de Maria Ignez e Dorgélio Ortiz, cresceu no bairro São Luiz e foi ali onde começou a trilhar seu caminho de liderança. Desde pequeno, sempre era escolhido como representante de classe e de grupos dentro da escola Rogério Lázaro Tochetton, onde estudou. O pequeno Ortiz era ‘alvo’ de todos, pois fazia um bom trabalho e atendia às expectativas de seus votantes. Outra característica marcante nele é aquela vontade de sempre querer ajudar as pessoas, interceder por aqueles que não podem ou não têm como fazê-lo.

Eduardo é católico e aos oito anos, quando aprendeu a tocar violão, marcava presença, todos os domingos, na Comunidade São Luiz Gonzaga, onde até hoje toca, além de ser salmista e dirigir o Grupo de Adolescentes HUVA (Hoje, Unidos, Venceremos o Amanhã). Ele também é o idealizador da ‘Mega Festa São Luiz’, uma quermesse com atrações musicais e uma grande estrutura de palco, som e luz, onde sua banda, ‘Banda Cristo Jovem’, também marca presença. O evento se tornou um ícone entre as festas de rua da cidade.

A vida política de Eduardo Ortiz teve início em 2004, quando se candidatou a vereador, aos 22 anos, o mais novo da cidade. Em 2008, adquirindo cada vez mais a confiança da população, teve 824 votos. Não foi o suficiente para se eleger, mas sua determinação não diminuía, tanto que no ano seguinte se formou em Direito pela FADITU (Faculdade de Direito de Itu), reforçando sua segurança e aumentando suas habilidades para por em prática seus planos. Nas eleições de 2012, lá estava Paulo Eduardo Andrade Ortiz, na luta por seu espaço dentro da Câmara Municipal. Tamanha dedicação e suor renderam 872 votos, elegendo-o vereador de Itu.

De lá pra cá, Ortiz tem colocado em discussão muitos projetos voltados para a cidade e para a população, seu principal foco. Até hoje o vereador colocou à mesa 55 indicações, 16 moções, cinco projetos de lei, três requerimentos, duas resoluções e um decreto. Tudo isso em um ano e dez meses de atuação. Dentre as propostas, a que se destaca é a mudança do horário das sessões para o período noturno - ideia não aceita por nenhum dos vereadores - o intuito é que as sessões iniciem às 18h, para que a população possa participar sem interferir em suas rotinas diárias, sejam elas profissionais ou pessoais.

O vereador apóia também a alternância de poder, um conceito relacionado diretamente ao de democracia e que condena a perpetuidade de dirigentes políticos no poder, pois tal fato desvirtuaria o caráter de um governo popular. Ortiz defende e incentiva esse mote em âmbito federal, estadual e municipal. “É saudável para toda a população. Eu acho que deveria equiparar o legislativo ao executivo ao que tange as eleições. Para o executivo só é válido uma re-eleição, no legislativo não. No legislativo pode ser re-eleito por dez, vinte, cinqüenta anos. Eu sou contra isso”, reforça. Por mais que esse ou aquele governo esteja desenvolvendo um bom trabalho é válido que haja troca, mudança, renovação, pois, como disse o vereador, é saudável. Assim como na agricultura, que a variação do cultivo de plantas diferentes fortalece o solo, alternar os políticos faz bem à política, ao município, estado e ao país.

Paulo Eduardo teve algumas conquistas desde que assumiu a 13ª cadeira dentro da Câmara, mas é só o começo. Há projetos grandes em discussão e muitos por vir. A caminhada não é e não será fácil, mas persistência é mais uma das características presentes neste funcionário público que dá o exemplo dispondo todos seus gastos, suas declarações de renda, mostrando total transparência para com o povo. Em seu site, blog e revista, o cidadão pode conhecê-lo melhor e ficar por dentro das sessões da Câmara, transmitidas ao vivo online e pelo youtube, gravado.

A Era em que vivemos, a digital, facilita muito a comunicação rápida e direta com quem quer que seja. Por isso, o jovem vereador está conectado 24h por dia nas redes sociais. Então, se o leitor quiser entrar em contato com Eduardo Ortiz, acesse o Facebook, o Google+, o Twitter, o YouTube ou até o chat online, ele estará ligado.


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Falta D’Água em Itu: População pede socorro

Semana passada Itu voltou a ser o centro das atenções devido aos protestos da população contra a falta d’água, que atinge a cidade há quase um ano. Na segunda-feira, dia 22, o protesto foi em frente à Câmara Municipal e reuniu cerca de duas mil pessoas.

Como em todo protesto, o início foi pacífico, com repletos cartazes e dizeres variados, além de palavras de ordem. Enquanto os vereadores discutiam no plenário a decretação de calamidade pública, populares gritavam, cantavam e buzinavam. Não demorou muito e alguns manifestantes trouxeram ovos e tomates, que foram arremessados na fachada e janelas da Câmara. Conseguiram até jogar ovos dentro de uma das salas, cuja janela estava aberta.

Vereadores da oposição, entre eles Balbina Oliveira de Paula Santos, Givanildo Soares da Silva (Giva), Eduardo Ortiz e Matheus Costa, pontuaram, nos corredores da Câmara, suas propostas de melhorias ao abastecimento de água e criticando o governo atual pela falta de atitude. Conforme o tempo passava a população ficava cada vez mais impaciente diante à falta de informações. A partir daí as vozes, ovos e tomates foram substituídos por pedras. De dentro da Câmara ouviam-se portas e janelas sendo estilhaçadas, tanto as do piso térreo, quanto as do segundo andar. A insatisfação com a falta de água, que se agrava a cada dia, o descaso da prefeitura e a incerteza de quando serão atendidos, só piorava a tensão. O chão do plenário ficou repleto de cacos de vidro e pedras. O que impressionava mais era o tamanho das pedras.

Para o leitor ter uma idéia, imagine um paralelepípedo, corte-o ao meio, eis as pedras que foram parar dentro das salas. É importante ressaltar dois fatos: ninguém foi atingido e, mais importante, aqueles que praticaram vandalismo não tinham nenhuma ligação com os mediadores do movimento que prezaram e prezam pelo protesto sem violência e sem quebra-quebra. Mas sempre tem os ‘infiltrados’ que gostam de fazer bagunça.

A Guarda Civil Municipal (GCM) contava com dez homens naquele dia e mais 80 em pontos estratégicos da cidade. Sem contar com o apoio do Polícia Militar. Quando a depredação do patrimônio público começou a GCM, a PM e até a Tropa de Choque iniciaram a contenção destes através de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os manifestantes tentaram se proteger dentro da Câmara ou se espalhando pelas ruas.


NOVO PROTESTO

Uma semana depois, dia 29, um novo protesto reuniu cerca de 400 pessoas em frente à prefeitura da cidade. A concentração foi bem menor comparado a do anterior, não há um motivo concreto que justifique. Talvez a distância do centro, o mal tempo ou até o maior número de GCMs no local, que contou com 70 homens, segundo o comandante Clemente Bortoleto Júnior, além da PM. Somente a Tropa de Choque não foi requisitada. Desta vez a movimentação também começou pacífica, assim como a primeira, e terminou do mesmo jeito, pacífica. Sem prejuízos ao patrimônio e sem bombas de efeito moral e balas de borracha.

Além dos cartazes, buzinas, palavras de ordem, desta vez o movimento contou até com um trio elétrico, um caixão e até coroa de flores, representando a morte da política de Itu e da própria cidade.

Durante o protesto, um pequeno grupo de manifestantes, entre eles os mediadores (Soraia Escoura, Mônica Seixas e Plínio Bernardi Júnior), além da imprensa, foi chamado para conversar com o secretário municipal de Segurança, Trânsito e Transportes, Coronel Marco Antônio Augusto. Ele ouviu as reivindicações, respondeu as perguntas dos jornalistas, explicou a não decretação de calamidade pública e defendeu o direito da população de manifestar, mas sem vandalismo.

As reivindicações imediatas dos presentes foram somente três: participação popular no Comitê Gestor da Água e no conselho da Agência Reguladora dos Serviços Delegados (AR-Itu), a divulgação dos contratos de concessão dos serviços de água e esgoto, e, por último, o conhecimento do Plano Estruturante, que traz medidas para resolver o problema de falta de água na cidade. Um termo de compromisso, pontuando os pedidos, foi assinado pelo secretário Coronel Marco, pelo superintendente da AR-Itu, Maurício Dantas e pelos organizadores do movimento.

No termo, foi acordado que em 10 dias os contratos de concessão estarão à disposição, a resposta da participação popular virá em até 72 horas (três dias) e a reunião que abordará o Plano Estruturante será datada em duas semanas.

*Confira os vídeos neste link: Falta D'Água Itu - Protesto Câmara Municipal / Depoimentos /