quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Falta D’Água em Itu: População pede socorro

Semana passada Itu voltou a ser o centro das atenções devido aos protestos da população contra a falta d’água, que atinge a cidade há quase um ano. Na segunda-feira, dia 22, o protesto foi em frente à Câmara Municipal e reuniu cerca de duas mil pessoas.

Como em todo protesto, o início foi pacífico, com repletos cartazes e dizeres variados, além de palavras de ordem. Enquanto os vereadores discutiam no plenário a decretação de calamidade pública, populares gritavam, cantavam e buzinavam. Não demorou muito e alguns manifestantes trouxeram ovos e tomates, que foram arremessados na fachada e janelas da Câmara. Conseguiram até jogar ovos dentro de uma das salas, cuja janela estava aberta.

Vereadores da oposição, entre eles Balbina Oliveira de Paula Santos, Givanildo Soares da Silva (Giva), Eduardo Ortiz e Matheus Costa, pontuaram, nos corredores da Câmara, suas propostas de melhorias ao abastecimento de água e criticando o governo atual pela falta de atitude. Conforme o tempo passava a população ficava cada vez mais impaciente diante à falta de informações. A partir daí as vozes, ovos e tomates foram substituídos por pedras. De dentro da Câmara ouviam-se portas e janelas sendo estilhaçadas, tanto as do piso térreo, quanto as do segundo andar. A insatisfação com a falta de água, que se agrava a cada dia, o descaso da prefeitura e a incerteza de quando serão atendidos, só piorava a tensão. O chão do plenário ficou repleto de cacos de vidro e pedras. O que impressionava mais era o tamanho das pedras.

Para o leitor ter uma idéia, imagine um paralelepípedo, corte-o ao meio, eis as pedras que foram parar dentro das salas. É importante ressaltar dois fatos: ninguém foi atingido e, mais importante, aqueles que praticaram vandalismo não tinham nenhuma ligação com os mediadores do movimento que prezaram e prezam pelo protesto sem violência e sem quebra-quebra. Mas sempre tem os ‘infiltrados’ que gostam de fazer bagunça.

A Guarda Civil Municipal (GCM) contava com dez homens naquele dia e mais 80 em pontos estratégicos da cidade. Sem contar com o apoio do Polícia Militar. Quando a depredação do patrimônio público começou a GCM, a PM e até a Tropa de Choque iniciaram a contenção destes através de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os manifestantes tentaram se proteger dentro da Câmara ou se espalhando pelas ruas.


NOVO PROTESTO

Uma semana depois, dia 29, um novo protesto reuniu cerca de 400 pessoas em frente à prefeitura da cidade. A concentração foi bem menor comparado a do anterior, não há um motivo concreto que justifique. Talvez a distância do centro, o mal tempo ou até o maior número de GCMs no local, que contou com 70 homens, segundo o comandante Clemente Bortoleto Júnior, além da PM. Somente a Tropa de Choque não foi requisitada. Desta vez a movimentação também começou pacífica, assim como a primeira, e terminou do mesmo jeito, pacífica. Sem prejuízos ao patrimônio e sem bombas de efeito moral e balas de borracha.

Além dos cartazes, buzinas, palavras de ordem, desta vez o movimento contou até com um trio elétrico, um caixão e até coroa de flores, representando a morte da política de Itu e da própria cidade.

Durante o protesto, um pequeno grupo de manifestantes, entre eles os mediadores (Soraia Escoura, Mônica Seixas e Plínio Bernardi Júnior), além da imprensa, foi chamado para conversar com o secretário municipal de Segurança, Trânsito e Transportes, Coronel Marco Antônio Augusto. Ele ouviu as reivindicações, respondeu as perguntas dos jornalistas, explicou a não decretação de calamidade pública e defendeu o direito da população de manifestar, mas sem vandalismo.

As reivindicações imediatas dos presentes foram somente três: participação popular no Comitê Gestor da Água e no conselho da Agência Reguladora dos Serviços Delegados (AR-Itu), a divulgação dos contratos de concessão dos serviços de água e esgoto, e, por último, o conhecimento do Plano Estruturante, que traz medidas para resolver o problema de falta de água na cidade. Um termo de compromisso, pontuando os pedidos, foi assinado pelo secretário Coronel Marco, pelo superintendente da AR-Itu, Maurício Dantas e pelos organizadores do movimento.

No termo, foi acordado que em 10 dias os contratos de concessão estarão à disposição, a resposta da participação popular virá em até 72 horas (três dias) e a reunião que abordará o Plano Estruturante será datada em duas semanas.

*Confira os vídeos neste link: Falta D'Água Itu - Protesto Câmara Municipal / Depoimentos /

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