Com
111 anos de história, a Fifa (Fédération Internationale de Football
Association), órgão responsável pelo futebol mundial, governada pela Suíça e
com sede em Zurique, se tornou alvo das investigações do FBI (Federal Bureau of
Investigation) por corrupção.
O
ponto de partida se deu após sete dirigentes da Fifa serem presos na Suíça, em
maio de 2015, por serem suspeitos de embolsar US$ 150 milhões – cerca de R$ 470
milhões – desde 1991. As autoridades americanas alegam que as transações ilícitas
foram acertadas utilizando bancos dos Estados Unidos. Fora isso, afirmam ter
jurisdição pelo fato de as empresas de mídia do país pagarem o maior valor de
direitos de transmissão da Copa do Mundo.
A
operação também teria sido motivada pelas investigações feitas pelo
ex-procurador de Justiça dos EUA, Michael Garcia, contratado pela Fifa em 2014
para investigar a escolha da Rússia e do Qatar como sede das Copas de 2018 e
2022, respectivamente - o que tem causado tensões internacionais - desbancando
a candidatura americana. O relatório final apontou uma série de
irregularidades, o que foi ignorado pela entidade máxima do futebol.
As
acusações listadas pelo DOJ (Department of Justice) são várias e veementes:
fraudes, subornos, lavagem de dinheiro, corrupção desenfreada, sistemática e
generalizada na Fifa e em diversos contratos da Concacaf e Conmebol.
Segundo
a procurada-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, a investigação do FBI é
imensurável, tanto que atingiu todos os níveis dentro da Fifa e entidades
ligadas à mesma, além de descadeirar o presidente Joseph Blatter, que foi
reeleito por 5 vezes, até renunciar diante tanta pressão. A Copa do Mundo de
2014 também está na mira dos agentes devido à proximidade entre Ricardo
Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e Jérôme
Valcke, secretário-geral da Fifa, braço direito de Blatter. Em confissões
feitas por delatores, confirma-se a existência de subornos, comprovando
suspeitas, anteriores a escolha do Mundial da África do Sul, em 2010.
No
Brasil o clima também está pesado e também ecoa em todos os níveis. O presidente
da CBF, Marco Pólo Del Nero, por exemplo, deixou Zurique um dia após a
reeleição de Joseph Blatter, dia 29 de maio, afirmando que queria se
posicionar, pessoalmente, às acusações no Rio de Janeiro e São Paulo. As
pressões se devem ao seu vínculo com José Maria Marin, que se beneficiou ao
receber generosas propinas em campeonatos nacionais e internacionais. De acordo
com informações do jornal Folha de São Paulo, Del Nero participou de movimentações
financeiras da entidade em 2014, além de estar envolvido em 10 dos 13 contratos
comerciais firmados em 2012.
O que acontece agora?
Um
processo de extradição da Suíça para os Estados Unidos será instaurado, caso
seja aceito, os acusados/presos vão enfrentar o processo judicial e podem pegar até 20 anos de cadeia. O DOJ exemplifica que um contrato da CBF com uma grande
marca esportiva americana também está sob investigação, provavelmente seja a
Nike, pois passou a fornecer material para a entidade (CBF) em1997, além de
contratos ligados à Copa do Brasil.
O
mundo futebolístico passa por momentos que coloca seus torcedores dos mais
diversos países a questionar os próximos jogos e campeonatos, sejam eles
nacionais ou internacionais. A dúvida estará sempre pairando e aquela paixão
pelo futebol, que todos conhecemos, está parcialmente manchada. Vamos
acompanhar as investigações e torcer para que a paixão não acabe.
Acusados
-
Jeffrey Webb (preso) – Presidente da Concacaf – visto como um provável sucessor
de Joseph Blatter, que renunciou ao cargo de presidência da Fifa após 17 anos
na cadeira, mesmo sendo reeleito.
- Charles
‘Chuck’ Blazer (réu confesso) – Ex-representante da Fifa nos Estados Unidos.
-
José Maria Marin (preso) – Ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de
Futebol).
- Eduardo
Li (preso) – Presidente da Federação da Costa Rica / Membro do Comitê Executivo
da Concacaf.
-
Júlio Rocha (preso) – Presidente da Federação da Nicarágua / Agente de
Desenvolvimento da Fifa.
-
Costas Takkas (preso) – Presidente da Federação das Ilhas Cayman / Adido do
Presidente da Concacaf.
-
Eugênio Figueiredo (preso) – Vice-presidente da Fifa.
-
Rafael Esquivel (preso) – Presidente da Federação da Venezuela / Membro do
Comitê Executivo da Conmebol.
-
Nicolás Leoz (indiciado) – Ex-presidente da Conmebol / Ex-membro do Comitê
Executivo.
-
José Margulies (indiciado) – Acionista da ‘Valente Corp. and Somerton’.
-
Aaron Davidson (indiciado) – Presidente da Traffic USA.
-
José Hawilla (réu confesso) – Presidente do Grupo Traffic.
-
Daryan Warner (réu confesso) – Ex-agente de Desenvolvimento da Fifa.
-
Daryll Warner (réu confesso) – Filho de Jack Warner.
-
Alejandro Buzarco (indiciado) – Acionista da ‘Torneos y Competencias’.
-
Mariano Jinkis (indiciado) – Acionista da ‘Full Play Group’.
-
Hugo Jinkis (indiciado) – Acionista da ‘Full Play Group’.
Joseph Blatter no dia da reeleição |
*Com informações da Folha de São Paulo
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