segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Itu entra em calamidade pública

É do conhecimento de todos o período crítico de estiagem que o estado de São Paulo está passando há alguns meses, principalmente, a nossa cidade, Itu. Desde fevereiro, mais precisamente dia 5 de fevereiro, o racionamento de água começou em alguns bairros da Cidade Nova, desde então o número de regiões afetadas aumentou.

Há 85 anos o país não enfrentava uma seca tão longa, tanto que diversas cidades do Estado estão com dificuldades para atender a população. Produtores agrícolas também sentem a falta de água. O Sistema Cantareira, composto por quatro reservatórios e que abastece a capital paulista e regiões metropolitanas, totalizando cerca de 9 milhões de pessoas, atingiu um nível tão baixo que já está utilizando o volume morto. Detalhe, nunca antes utilizado.

Se depender da chuva esse volume não abastecerá a população por muito tempo. A previsão de instituições meteorológicas é que as chuvas só voltem com consistência a partir de novembro. Nós não podemos esperar!

Este blog ouviu a assessoria da concessionária Águas de Itu para saber como estão agindo para enfrentar a falta de água. Segundo a assessoria o racionamento foi implantado apenas no distrito da cidade que representa cerca de 20% da população que abrange os bairros Cidade Nova, Novo Mundo, Jardim Europa, Jardim União e Condomínios Cty Castelo e Village Castelo. Com a incidência de chuvas em fevereiro e a redução no consumo de água foi possível suspender o racionamento na região e até o momento não foi retomado de acordo com a assessoria. A população discorda. Eu falei com alguns moradores que nos disseram que o racionamento ainda está acontecendo.

Em março a região central da cidade entrou no grupo de racionamento de forma gradativa. A primeira etapa começou a cortar o fornecimento durante o dia e retomava no período da noite, entre às 18h até as 04h. Atualmente o racionamento já acontece em Itu inteira e não segue o padrão divulgado pela Águas de Itu. Algumas regiões ficam sem água até quatro dias.

Desde de que a falta de água começou a afetar o povo de Itu, os mesmos resolveram se mexer e reivindicar seus direitos através de protestos. Foram dois, um em fevereiro e outro em junho, ambos pacíficos. Para evitar o desperdício e a falta desse bem natural e essencial moradores fazem de tudo para se precaver. Marta Mendes de Arruda, 70, por exemplo, enche todos os recipientes que tem quando a água vem. “Quando vem água, a gente enche tudo. Enche lata, garrafa, balde, o que tiver.” Ela mora em frente à concessionária e já tem uma reserva de 149 garrafas Pet.

As escolas municipais e estaduais da cidade também tiveram que se adaptar com a crise, tanto que os alunos de determinada escola municipal seguem um controle de idas ao banheiro, assim não há tanto gasto. O asilo São Vicente de Paulo, sabendo do problema recorrente que Itu tem, construiu um poço artesiano e, até hoje, as torneiras não secaram. A instituição gasta de 160 a 180 mil litros de água por mês.

Não só Itu, mas como todo Estado, precisa melhorar seu sistema de captação de água de represas, reservatórios, chuvas, entre outros. Afinal não é de agora que a população sofre com a falta d’água. Os governos estaduais e municipais têm que começar a agir incisivamente para evitar a repetição desse cenário triste. Há anos a alegação é que Itu não possui um grande rio para a captação e que seus mananciais são pequenos. Ao todo são sete que fornecem a água que deveria chegar às torneiras dos moradores. A concessionária capta hoje água de sete mananciais: córrego São José, Córrego Gomes, Córrego Braiaiá, Ribeirão Taquaral, Ribeirão Pirapitingui, Ribeirão Varejão e Ribeirão Itaim. Seis barragens ajudam a armazenar a água.

A situação tomou tamanha proporção que o Ministério Público de São Paulo (MP), junto à Promotoria de Itu, orientou à prefeitura que reconheça o estado de emergência e calamidade pública devido à falta e racionamento de água. E tem mais. Um inquérito civil apura a responsabilidade da prefeitura, da Agência Reguladora e da concessionária em relação à escassez e rodízio no fornecimento de água no município.

Segundo o MP, o abastecimento está comprometido não somente por causa da estiagem, “mas vem de anos de má gestão e falta de investimentos sérios no aumento da armazenagem de recursos hídricos e construção de novas barragens, desassoreamento dos já existentes e modernização dos sistemas de tratamento e distribuição”. Na recomendação, o MP também pede que o município e a concessionária apresentem um plano sólido para resolver o problema do racionamento de água e que não dependa exclusivamente das chuvas.

*AÇÕES - Com atenção dedicada aos índices de chuva que ocorrem abaixo da média a concessionária inaugurou em fevereiro uma bateria de 12 poços capazes de atender sozinhos certa de 25 mil habitantes. Os poços profundos realizam captação de água subterrânea que são infinitamente menos sensíveis que as captações superficiais. Além dos 80 poços da própria concessionária, outros poços de propriedades particulares estão fazendo parte do nosso sistema de distribuição. Está sendo desenvolvida a transposição de água de represas particulares a montante de nossas captações com a instalação de bombas móveis. A concessionária ampliou sua frota de caminhões pipa e carretas de água para garantir abastecimento para hospitais, escolas, imóveis públicos e de uso coletivo. A prefeitura e concessionária buscam aprovação de licenças para iniciarem uma nova capitação a 22km do centro de Itu, com intuito para ampliar em 62% a vazão de água bruta para tratamento e abastecimento da cidade”.

*Informações da assessoria


Lago do Cond. Terras de S. José
Prefeitura bombeou água dos lagos
                                       

Nenhum comentário:

Postar um comentário