A desculpa dos motoristas, cobradores e metroviários é a busca de reajuste salarial, benefícios e bônus, os quais o governo não aceita, pelos menos não na sua totalidade. As tentativas de negociação não têm tido resultados prósperos, prolongando ainda mais os piquetes. E quem perde com isso, obviamente, é a população.
Já na capital maranhense 700 mil pessoas sofreram as consequências da paralisação. De acordo com a Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) 100% da frota ficou na garagem, tudo em busca de reajuste de 16% nos salários, aumento do vale-alimentação mensal para R$ 500,00, inclusão de um dependente no plano de saúde, implantação do plano odontológico e redução da carga horária de 7h20/dia para 6h/dia. Em reunião, os sindicalistas baixaram a reivindicação para 11%. Caso o pedido seja aceito, o valor da passagem terá de aumentar de R$2,10 para R$2,70, segundo empresários. A prefeitura se recusa a subir o valor e pela internet um grupo, que já conta com 10 mil participantes, promete protestar.
Em Salvador a greve, que durou três dias, com início em 27 de maio, afetou toda a região metropolitana totalizando 1,5 milhão de pessoas. Saíram da garagem apenas 200 ônibus, menos de 10% da frota, no entanto, os rodoviários aceitaram o reajuste de 9% entre outros benefícios.
No Rio de Janeiro a paralisação não teve muitos adeptos. Segundo o secretário de transportes, Alexandre Sansão, cerca de 80% dos ônibus circularam normalmente. Foi a terceira vez, no mesmo mês, que a greve ocorre reivindicando o aumento salarial de 40%, o fim da dupla função e alteração no valor da cesta básica de R$150,00 para R$400,00.
Em São Paulo a situação foi crítica, fechando 15 terminais rodoviários ao longo do dia e afetando mais de 230 mil usuários. O mais curioso nessa paralisação é o número de informações desencontradas: em assembleia realizada na sede do sindicato, a categoria aceitou as propostas das empresas de 10% de reajuste, tíquete mensal de R$445,50, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$850,00, entre outros benefícios. No dia seguinte, motoristas dissidentes cruzaram os braços no centro da cidade alegando discordarem dos valores e que houve manobra para antecipar a data da assembleia para aprovar o acordo. Já o sindicato nega e se defende afirmando que tudo foi feito de forma transparente. Para melhorar o clima, alguns manifestantes afirmam que o prefeito Fernando Haddad teria dito em entrevista que o acordo seria de 19% para a categoria e tíquete diário de R$22,00, ante R$16,50. O secretário de transportes, Jilmar Tatto, diz que tudo não passa de boato.
Depois desse vai e vem de informações os sindicatos das empresas e motoristas, finalmente, chegaram a um acordo, mas ninguém saiu satisfeito. O reajuste salarial ficou nos 10% iniciais, mas ambas categorias vão arcar com a multa de R$200 mil, que o Tribunal Regional do Trabalho determinou por considerar abuso a greve dos motoristas e cobradores. Cada sindicato vai pagar 100 mil, além dos dias não trabalhados que deverão ser compensados pelos funcionários.
Apesar da greve dos rodoviários ter chegado ao fim, outra categoria resolveu fazer o mesmo e causar mais transtorno na capital paulista. Desta vez os metroviários cruzaram os braços afetando 3,9 milhões de usuários, além do trânsito que bateu os 251 km, às 10h30 de sexta-feira, dia 6.
Mais uma vez a paralisação é motivada pelo reajuste, agora, por parte dos metroviários e sindicato. Vale lembrar o abuso do pedido. Inicialmente, o aumento era, nada mais, que 35,47%, passando para 16,5% diante a não aceitação do governo. A porcentagem reduziu para 12,2% na audiência do Tribunal Regional do Trabalho ocorrida dia 5, mostrando-se abertos(metroviários) a nova queda, mas sem abrir mão dos benefícios e mudança no valor da PLR.
Na quarta-feria, 11, véspera do maior evento do ano, uma nova assembleia foi realizada para discutir a continuação ou não das paralisações e a possível readmissão dos 42 funcionários do Metrô demitidos dois dias antes.
Resumindo, metroviários, sindicalistas e governo entraram em consenso com o reajuste de 8,7% e fim da greve. Só ficou em aberto a revogação das demissões. Agora é aguardar que um novo acordo seja feito antes que as paralisações voltem a causar transtornos a população.
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